domingo, 23 de agosto de 2009

Para o amigo Antônio Neto.

Hoje aconteceu um fato que me deixou bastante intrigada. Estava eu lá na escola, quieta trabalhando no estágio, quando a professora pede gentilmente que eu dirija uma atividade com os alunos.

O exercício tratava do significado dos nomes. Muito interessante, não fosse o primeiro nome Antônio! rsrsrsrs, dizia assim:
Antônio: inestimável, que não tem preço.

Não tive como não lembrar do meu amigo querido, e por fim, escrevi esta pequena declaração que para alguns pode não significar nada, mas o importante mesmo é o que significa pra mim! E quem o conhece sabe muito bem disso.

O seu retorno se presta agora a reflexão de valores. Alguns deles são óbvios, banais, superficiais. Um exemplo: acredito eu ter memória curta. Outro: ele também tem. Reflexões dessa natureza não são relevantes – aliás, nem irrelevantes-para o meu bem estar. A questão é tentar decifrar os sinais codificados.

À primeira vista ele reúne o que há de mais glorioso, a visão dos que o cercam certamente os remetem mais a embalagem do que ao conteúdo. Não a uma embalagem qualquer, mas sim a uma embalagem de alto nível. Jovem, muito bonito, bem vestido, firme, positivo, com amplo domínio, articulado, nossa são tantos adjetivos.

Eu diria que todo esse privilégio mostrou o fato de que o conteúdo é superior à embalagem. Um menino simples, apesar de seu refinamento. Caráter e personalidade fortes escondidos atrás da timidez, só aparentes. Qual o limite moral de quem já se apaixonou por alguém assim? De quem já amou alguém assim? Eis a solução. Mudanças de prioridades. Fase que simboliza a mudança estava produzindo frases coordenadas, agora produzo textos. Que retrato. Ele está superprotegido, quase avesso à competição e ao risco.

Não importam as razões que me levaram a esse fim. Talvez ele tenha seguido seu instinto, repetindo frases e gestos que pareciam comuns. Talvez ele tenha se deixado influenciar por experiências passadas. Visto o triunfo do conteúdo sobre a embalagem, ele nem soubesse direito o que estava fazendo, mas fez. E em meio a tantas sombras que marcam o seu retorno há um raio de luz que diz que é verdade. Ainda que por acaso, uma espécie rara, dulcíssimamente, na minha história.

"Queridíssimos",

Muito complicada a vida de blogueira, ainda tô aprendendo. A partir de agora vou encontrar um tempinho para escrever aqui. Santo de casa... Vai tudo entrando na frente. Nas últimas semanas passei por uns dias bastante nublados, vez por outra ainda o sol tentou sair, timidamente, não conseguiu, mas tentou!

Gostaria de agradecer a todos que de maneira direta e indireta contribuíram com muito carinho e com muito apoio a minha família. Primeiro, a minha mãe ficou doente. E bota aflição nisso! Afinal, são oito filhos, mas quem cuida, e principalmente quem gasta?! Minha mãe é uma senhorinha com seus 75 anos, precisa de muitos cuidados, muito mesmo. E há quem não acredite na idade dela, deve ser pelo excesso de energia vital que transborda por seus poros. Quem a conhece sabe muito bem disso. Mas o medo e o susto nos pegaram de jeito. Família é isso, preocupações à parte, mas muito cuidado em torno da nossa matriarca. A minha amabilíssima mamãe. A vida é muito frágil.

E quando finalmente tudo estava aparentemente bem, eis que o meu tio começa a sofrer. E o sofrimento foi geral. Fiquei impressionada com a atitude que o meu irmão mais velho teve, levou - o ao hospital, passou a noite toda com ele, e depois ficou em sua casa até ter certeza de que nada de mais grave aconteceria. É por essas e outras coisas que ele é tão querido. Meu pai postiço. Essa situação de quase perda da vida de nosso tio foi também muito difícil, em uma família de “gerontes”, seria normal esperar pelo pior, mas não é. As perdas são sempre dolorosas. Meu tio chegou a ver aquela luz branca no fim do túnel, e mais uma vez graças ao nosso bom Deus, ele está se recuperando bem.

E quanto a mim, já estou melhorzinha. Ah! Flávia e Naiara, Naiara e Flávia, minhas grandes amigas, que suportam comigo todas as minhas dores, até quando não podem dão um jeitinho. Obrigada! Muitíssimo obrigada.

Já estamos praticamente no final do período na faculdade, um período que se arrasta lentamente, agora só falta mais um ano. Essa semana terminou a primeira parte do estágio, pra minha surpresa o estágio foi incrível, descobri que tenho talento pra ser professora! Chegar à escola às 7h da manhã e ouvir aquelas vozes em coro, afinadíssimas: BOM DIA PROFESSORA! Nossa, me arrepiou até a espinha, minha experiência com eles foi maravilhosa. Como disse Pach Adamns “faça o melhor do que se está fazendo”.

Há alguns dias o Instituto Anavilhanas trouxe para Manaus a palestra do professor Sérgio Nogueira sobre a Reforma Ortográfica. Interessantíssima! Valeu a pena cada minuto dedicado a isso. Serviu também pra que eu revisse alguns conceitos pessoais que já se haviam perdido. Ah! Lembrar que a reforma é na ortografia, ou seja, na escrita, não na pronúncia! Infelizmente nascemos no Brasil, falamos e escrevemos português, é necessário estudar essas coisas. Recebi um gentil convite do Edmar e da Naiara Rosas para um jantar com o professor, divertido, mente aberta, honesto, bom papo, que venham outras.

Ontem assisti a um programa de televisão, que por acaso eu não gosto e por isso não assisto nunca, mas ontem assisti- o. E curiosamente um dos assuntos abordados foi do meu interesse! A apresentadora fez uma entrevista muito especial com o mestre de Yôga Hermógenes, e ele discorreu na sua mais completa simplicidade e humildade sobre os ensinamentos dessa prática milenar da qual sou adepta há um ano e que tão bem faz a minh’alma. Ele falou sobre o livro “Mergulho na paz”, que fala sobre fé. Fé é existencial, porque nos projeta no mundo tal qual devemos ser, meu próximo livro de cabeceira que espera na estante de casa para ser saboreado logo, logo.

Então resolvi dar uma mexida na minha vida. Mudança de cenário agora não dá, mas nos caminhos sim. Tudo novo! Será uma mexida boa e todos sairão ganhando, espero. Há que se ter coragem para mexer em time que ganha. Mas confio no meu taco. Viva a novidade! Não quero ainda falar pra não estragar. Apenas admito que tenha chorado rios de emoção. E não sou a única, quem passa por isso comigo chora e ri e chora e... Paro por aqui, com uma citação que muito me confortou esta manhã, agora preciso escrever mais um capítulo de minha vida que necessita de ajustes.

“Jogaram uma pedra na tranqüilidade do lago, ele respondeu sorrindo ondulações. E voltou a ser tranquilo.”
  Mestre Hermógenes

"É apenas um texto!"

-De onde você escreve tem vista?

-Eu vejo o horizonte.

-Então deve ser por isso que você não quer publicar os seus textos...

Foi assim que o Antônio, um amigo querido, engoliu minha resistência inicial em publicar estes textos. Eu cheia de receios, tentando explicar por que não ia dar, ele me sai com essa. Ao longo dos anos havia percebido que os que escrevem em local fechado gostam de mostrar suas coisas, e quem o faz olhando pro mundo guarda na gaveta. Pois, como se vê minha resistência encolheu, e não foi preciso tirar o horizonte ali da frente. Mas o fato é que, quando a cabeça encrenca e vem o boicote avisando que nunca mais vou ter uma idéia na vida, fecho a janela e pronto... As palavras vão chegando. Será que a beleza nos dispersa e nos põe bobos, a contemplá-la? Será que ela rouba a vaidade de querer se exibir pro outro? Será que a janela do Paulo Coelho dá pra lixeira pública? Não, não pode ser uma questão estética. É questão de visão, simplesmente. Feio ou bonito, de um empresário em ascensão ou de um universitário, tanto faz. Quando se escreve olhando o mundo nós não temos como negar que tudo foi tirado dali mesmo, e talvez por pudor não queiramos repetir para ele o que o mundo mesmo nos mostrou. Pode ser. Vejamos: Ataíde Junior - por que não? Kafka, Edgar Allan Poe? Nenhum era cego. Cego é aquele que não quer ver. Bom tem o Ray Charles, mas não que ele não quisesse, ele nunca pôde... Opa, ele é músico, fuga do tema!

Avaliando pelas entrelinhas, o cara que mora em ''zonas'' da vida vai aos sábados para baile funk, no Rio de Janeiro, claro; enquanto, em Manaus, o morador do Vieiralves, peraí nem precisa morar neste bairro, teoricamente, deveria ficar em casa se protegendo da violência, mas em Manaus isso não acontece - em Manaus o funk é da elite. Também, acontece. E o outro que acabou de construir uma bela piscina no jardim, três meses se passam, fim da novidade, ele se manda pro interior. Também rola, requinte de rico é casa de pescador em sítio deserto com luz de lampião.

Você prefere assistir a uma peça em um grande teatro ou no teatrinho da esquina? Se for ao da esquina e você estiver disposto mesmo a vê-la, saiba que seu ator deu pra fazer espetáculos em micro casas. Com o mundo aos expectadores pés, ele prefere, agora, encantar a minoria da minoria. Ele e outros deuses também.

No quesito sexo, sempre indispensável em considerações com estas, aquela transa escondidinha no quarto dos fundos é menos excitante que a da suíte confortável? Acho que não. Acho até que tem gente ralando pra conquistar esse tal conforto, que depois fica ali esparramado e tenso gastando neurônio em papo cabeça, enquanto os da ''caminha'' sobrepõem o desejo em baixas fantasias de alta voltagem.

Será?

Será que é mesmo assim? Será que enquanto minhas possibilidades aumentam o encanto retrai? E as idéias encurtam? Será que o horizonte me leva pra dentro de mim? Será que me mudo pro outro lado da cidade? Será que ele volta se eu o trocar por um total flex? Será que o Luís Fernando Veríssimo e seus ''... Bons dias sussurrados'' tem tantos serás? Será que consigo uma última frase que responda a tantas perguntas?

"Férias Perfeitas"

A gente se ilude pensando que a palavra “férias” significa largar o trabalho e atravessar a cidade inteira para ver todos os filmes, exposições em Manaus, quem dera, e cair de boca nas compras. Mas que nada, férias de verdade mesmo seriam se todos os momentos do dia fossem só prazeres - o que convenhamos, não é fácil.

Nada de aproveitar e ir ao médico para trocar o grau dos óculos, fazer uma limpeza de pele ou um check-up; dentista é um caso a pensar. Para cuidar dessas coisas desagradáveis, você tem longos 11 meses do ano.

Para que as férias sejam mesmo ideais, é preciso que o universo conspire a seu favor, e essa é a parte mais difícil, apesar do que afirma Paulo Coelho, ah quem liga para o que ele diz. A família, por exemplo, só deveria aparecer para dar boas notícias, e a visita dela nas férias só nos remete a delicadeza, paciência, habilidade política e muito amor, e a minha é um bom exemplo para se pensar, afinal onde há um amor intenso, há uma família. Alguém teria de se encarregar de censurar os jornais, escondendo todas as tragédias, a fim de afastar qualquer pensamento que não fosse de alegria, fé e esperança.

Nesse mês, seria permitido parar o carro em fila dupla às 6 da tarde em qualquer lugar da cidade para comprar uma sandália nova, ou então entrar numa avenida bem movimentada, na contra mão, e ainda por cima de moto! Melhor deixar isso pra lá. E o governo baixaria uma medida provisória determinando que quem está de férias não paga conta nenhuma: o gás, a luz, o telefone...principalmente o telefone, o aluguel, o médico, o cabeleireiro, o supermercado, todos sem exceção respeitariam o nosso direito à felicidade e a despreocupação. Não seria um sonho?

Tem mais: ficaríamos liberadas da academia, e um dispositivo especial filtraria os telefonemas e só liberaria os chamados de pessoas muito queridas. Não choveria tanto, e o sol tinha de ser quente o suficiente para que todas nós pudéssemos nos exibir com as nossas sutis marquinhas de biquíni, como nós adoramos.

Durante esse mês, os amigos estariam amando e sendo muito amados, sem problemas com dinheiro, e os mercados estariam cheios de mangas, morangos e bananas... e cajus, e acerolas -tudo ao mesmo tempo. Os ladrões e assassinos dariam uma trégua a quem estivesse de férias, a seleção do Brasil jogaria domingos seguidos como em uma final de copa (e venceria sempre). Seriam 30 dias em que não se pegaria um só resfriado. Aquele antigo namorado apareceria com flores dizendo que você foi à mulher da vida dele, o que é sempre muito bom de ouvir. As crianças não nos dariam preocupações.

E não se faria uma só mala, não se pisaria num só aeroporto, não se compraria um só euro. Essas seriam as melhores férias do mundo - ou a gente não merece tanto?

Ao recomeço

E aí, beleza?! Quais são as novidades?! Não venha me dizer: nenhuma! Por que tanto mistério? Ando curiosa para saber o que você pretende comigo.
Não quero parecer ansiosa, embora eu seja, tanto que tenho até crises de gastrite, mas estou contando os dias para essa agonia chegar ao fim.

Para começarmos com o pé direito, como você gosta, vou comprar uma roupa nova, para esperá-lo lá na entrada; faço questão de que me encontre linda. E brindaremos à nossa saúde no momento em que cruzarmos os olhos. Feliz - é assim que eu o quero e, farei tudo o que estiver ao meu alcance para que isso seja possível. Se dependesse de mim, sua estadia entre nós seria uma alegria após a outra. Receio, porém, que de mim pouco dependa.

Não é por ser final de ano que me apeguei a você, afinal estamos sempre mantendo contato, você sabe a minha vida é muito intensa. É uma pena que você e a decepção não tiveram chance de se encontrar, pois ela, que já estava de saída, poderia ter-lhe contado como me marcou a corja da corja que aqui ela conheceu - ou ainda a gente muito pior e que depois ainda se fez de vítima.

Pois bem, fora essas e mais uma meia dúzia de prováveis inconveniências, não acredito em outros problemas no decorrer de sua presença. Na verdade, com a quantidade de festas e comemorações com que se preocupar, não vá deixar-se passar despercebido.

Quando começarmos a nos restabelecer das festas de sua chegada, já estaremos no carnaval. Depois, vem o feriado da semana Santa, e aí, lembra: abril é o mês da mudança! E você fará parte disso novamente.

Falando nisso, gostaria de dizer que não tenho esperanças em relação ao que você vai me trazer, mas tenho. Principalmente porque você sabe de tudo o que eu preciso.

Sabe também que eu sou fã de surpresas, então se esforce para me surpreender. Se por acaso me trouxer algumas más notícias, tudo bem, mas tente não ser abrupto. Uma vez que a resolução de vários problemas está fora do seu alcance, não vou me aborrecer caso algo não venha acontecer como eu esperava.

Traga o que trouxer- fique tranquilo - você será recebido com um show pirotécnico. Pois sua chegada, sempre pontual e garantida, com sua sinceridade, sempre tão ampla e verdadeira, renova em mim a esperança que vai - se embora, um pouco, a cada dia. E ai, ai, ai, já está chegando à hora.